ASSIM NASCEU TABULEIRO DO
NORTE
Autor: Francinilto Almeida
Era o século dezoito
Há muito tempo passado
O Vale Jaguaribano
Era um campo desolado
Muitos pastos, muitas terras,
Da planície até as serras
Quase nenhum povoado.
Existiam muitos [indígenas]
De temperamento hostil
Defendiam suas terras
Quando dez valiam mil
Eram tapuias guerreiros
Dominando os tabuleiros:
Eis um pequeno perfil.
Sustentaram grandes lutas
A coragem era tudo
Que confesse o Capitão
Devastador e graúdo
João de Barros, chamado,
Mesmo sendo um potentado
Sofreu do povo raçudo.
O afamado Capitão
Desbravador pioneiro
Batizou de Quixeré
Belo riacho altaneiro
J. Brígido relata
Sua luta não cordata
Com o povo do Ribeiro.
A Fazenda São José
Aos “Marrecas” pertencia
Transferida para um homem
De distante freguesia:
Era Francisco Alves Maia
E que esse nome não caia
Em narrativa vazia.
No ano sessenta e seis
Do século referido
Começa a povoação
Desse lugar tão querido
Maia Alarcon foi bravio
Dentre todos, desconfio,
Ser ele o mais aguerrido.
Era homem muito ilustre
Do latim um professor.
Sua esposa adoeceu
Dum câncer aterrador.
Ela um dia teve um sonho
Para versos eu transponho
Na lira de trovador.
O seu nome era Luzia
E tinha câncer num seio
No seu sonho alguém dizia
Sem delongas e rodeio
Que ali fosse construída
Uma pequena ermida
E a cura seria o meio.
Essa pequena capela
Teria no seu altar
Nossa Senhora das Brotas
Que podia lhe curar.
Mas o marido, sequer,
Embora de muita fé,
Dessa Santa ouviu falar.
Então procurou saber
Dessa Santa o paradeiro.
Eis que Portugal rendia
Invocação e romeiro.
Edificaram capela
E puseram dentro dela
A Santa de Tabuleiro.
Era, pois, ano sessenta
Do século já citado
Tratando-se de janeiro
Um mês muito abençoado
Trouxeram de Portugal
Uma imagem sem igual
A Santa do povoado.
No ano sessenta e oito
Mais uma atitude santa
Desse homem que marcou
Essa terra que me encanta
Maia Alarcon funda escola
Padre Rolim não se enrola
Diretor que não afronta.
Tabuleiro de Areia
Agora tem altivez
Reformam a capelinha
Um cruzeiro aqui se fez
Por obra do Frei Vidal
Um frade descomunal
De fervor e intrepidez.
Foi até noventa e seis
Que o colégio funcionou
Por certo sessenta alunos
Naquele espaço estudou
Maia Alarcon adoece
O povo todo padece
Por isso a escola fechou.
Na capela o enterraram
Com louvores e pesar
Homem culto, generoso,
De talento invulgar
A ele todos devemos
Na certa não esquecemos
Sua força singular.
Temos história também
Do cemitério local
Fundado em setenta e dois
Com pequeno capital
O esforço reconhecido
De um capelão destemido
E caráter colossal.
Seu nome é pra ser lembrado
Pois era de vocação
Apesar do pouco tempo
Aqui nessa região
Trabalhando intensamente
Eis um homem competente:
Padre Joaquim de Aragão.
Vinte de novembro, a data
Do ano já referido
Houve a inauguração
Do campo santo querido
Dom Lino aqui celebrou
E o povo comemorou
Mais um passo garantido.
Quanto à nossa capelinha
Que foi base comovente
Ainda em oitenta e cinco
O vigor daquela gente
Permitiu certa reforma
Uma torre deu-lhe forma
Deixando o povo contente.
Consta também dessa fase
A construção do cruzeiro,
Bem atrás já referido,
Pelo frade pioneiro
Frei Vidal da Penha, o nome,
Que a memória não consome
Por se tratar de um guerreiro.
Nossa capela obteve
Algo assim especial
Por ter o seu Tabernáculo
De modo fenomenal
Tivemos grande evento:
“Santíssimo Sacramento”
De uma ação episcopal.
Veio segunda reforma:
Esta foi em vinte e um.
Já era o século vinte
E muita força em comum.
Foi Padre Acelino Arraes
Num empenho contumaz
Sem medir esforço algum.
Houve também a terceira:
Esta foi mais demorada.
Demandou muitos esforços
Em quarenta começada.
Mas só em cinqüenta e oito,
Assim se somam dezoito,
Pra obra ser terminada.
Foi o Monsenhor Otávio
Quem comandou este feito
Pois transformou a capela
Em templo de grande efeito
Com moderna arquitetura
Até hoje ele perdura:
Majestoso e sem defeito.
Aqui permitam que eu faça
Uma homenagem singela
A quem fez por merecer
Deixando marca tão bela.
Mesmo nascido em Viçosa
Deixou lição valorosa
Sem rebuço e sem querela.
Monsenhor Otávio teve
Um trabalho desmedido.
Desde o ano trinta e oito,
Sessenta e um, transferido,
O seu nome deve estar
Na pauta do meu lembrar:
Eis um povo agradecido.
Muitas denominações
Tabuleiro sustentou.
De Fazenda São José
Aí tudo começou.
Joaquim Távora, também,
Essa legenda, porém,
Pouco tempo demorou.
Tabuleiro de Areia
Sua próxima inscrição
Nome bem mais expressivo
Mas de pouca duração.
Ibicuipeba, sim,
Ficou muito mais chinfrim
Por sorte não pegou não.
Parecia uma novela
Não se prevendo o final
Mas o destino transforma
Qualquer drama colossal
Depois de tudo, por sorte,
Eis Tabuleiro do Norte.
Esse nome é sem igual!
Terra de grandes valores
E de gente hospitaleira.
Grandes nomes só herdaram
A competência altaneira.
Queremos contribuir
E fazer evoluir
Essa nação brasileira.
Tabuleiro do Norte-Ceará
16 de maio de 2008.
Principal fonte de pesquisa:
MOREIRA E O TABULEIRO
DE TODOS NÓS,
de Jesus Moreira de Andrade
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
Jesus, Filho de Maria
Autor: Dimas Batista
O Sagrada Onlpotência,
Da-me Inspiração dileta,
Pols sou um pobre poeta
Despido de inteligência.
Muito embora sem ciência
De História ou Teologia,
Pretendo, em fraca poesia,
Descrever todo o passado
Do Santo Verbo Encarnado,
Jesus, Filho de Maria!
Quatro Evangelhos no mundo,
Firmados na lei de Deus,
Primeiro o de São Mateus,
De São Marcos, o segundo,
Sendo o terceiro, profundo,
Que São Lucas anuncia,
O quarto tem primazía,
Foi escrito por São João,
Que amava, de coração,
Jesus, Filho de Maria!
Uma Virgem Soberana,
Natural de Nazaré,
Esposa de São José,
Filha de Joaquim e Ana;
Dantre toda raça humana,
Sendo Virgem Pura e Pia,
Por Deus, escolhida, havia,
De ser a mãe de Jesus,
Futuro Mártir da Cruz,
Jesus, Filho de Maria!
Entre os hebreus consagrados,
Essas coisas foram ditas,
Nas verdades infinitas
Dos profetas inspirados!
Há muitos anos passados,
Afirmava a profecia,
Que, lá dos céus, desceria
Pra remir o mundo inteiro,
O Sacrossanto Cordeiro,
Jesus, Filho de Maria!
Vindo da Santa Mansão,
Gabriel desceu no espaço,
A vinte e cinco de março,
Dia da Anunciação!
Fez o anjo a saudação:
"Bendito és Tu," Virgem Pia,
Deus, a dizer-Te, me envia,
Que, em Teu ventre imaculado,
Gerar-se-á, sem pecado,
Jesus, Filho de Maria!
Maria, a Deus, prometeu.
São José, esposo seu,
Também, jurou castidade!
Mas a Virgem de bondade,
Que, santamente, vivia,
Dessa forma, concebia
Por obra do Espírito Santo,
Gerado estava, portanto,
Jesus, Filho de Maria!
Depois disso, nas montanhas,
A Santa Esposa Fiel
Foi visitar Isabel,
Já com Jesus nas entranhas.
Chegando, foram tamanhas
As sensações de alegria,
Que Isabel estremecia,
Vendo a Mãe do Deus menino,
Bendito Verbo Divino,
Jesus, Filho de Maria!
Dessa visita que fez,
Com três meses,regressava,
E, nEla, já se notava
Sintomas de gravidez !
Faltavam, no entanto, seis
Meses pra chegar o dia,
Em que, dela, nasceria
Repleto de Luz e Fé,
Sem ser filho de José,
Jesus, Filho de Maria!
José encheu-se de espanto,
Vendo Maria pejada!
E, ali sem dizer nada,
Ficou triste o esposo santo!
O seu ciúme foi tanto,
Que nem de noite, dormia.
Pois São José não sabia
Deste mistério divino,
Que era gerado o menino
Jesus, Filho de Maria!
Assim, planejou, ciumento,
Sua esposa abandonar!
Mas veio um anjo avisar:
"José, não sejas violento;
Não faças mau pensamento,
Nem sofras melancolia:
Pois Deus mesmo é quem confia,
Dela, o mistério profundo,
Do qual surgirá, no mundo,
Jesus, Filho de Maria!"
José, depois de avisado
Pelo enviado bendito,
Ficou triste e muito aflito
Por ter, assim, censurado
Indo viver consolado
Com divina regalia,
Pois, agora, conhecia
Que a divina esposa virgem
Concebeu, por santa origem,
Jesus, Filho de Maria!
César Augusto, o soberano,
Decretou, com fundamento,
Um geral recenseamento
Do grande império romano.
E, naquele mesmo ano,
Esse édito se cumpria;
São José, que não sabia,
Foi, lá, cumprir seu dever,
Onde havia de nascer Jesus,
Filho de Maria!
Maria fez a viagem
Para se recensear.
Já perto de descansar,
Ninguém Lhe dava hospedagem !
São José fez estalagem
Numa pobre estrebaria,
Nessa humilde hospedaria,
Cheia de paz e pureza,
Nasceu, em plena pobreza,
Jesus, Filho de Maria!
Naquela gruta singela,
Tão pobre, humilde e serena,
A Virgem Mãe nazarena
Deu à luz, ficou donzela.
São José, pertinho dEla,
Imenso gosto, sentia,
Enquanto alegre, sorria,
Na mais divina ternura,
Nos braços da Virgem pura,
Jesus, Filho de Maria!
Os três Magos do Oriente
Vieram adorar Jesus,
Guiados por uma luz
Duma estrela refulgente.
O astro peirando em frente
De escura gruta sombria,
Os Magos viram que havia,
De palha, um berço, no centro,
Onde, alegre, estava, dentro,
Jesus, Filho de Maria!
De haver, no reino, nascido
O Messias Prometido,
O Salvador desejado !
E os Magos tendo chegado,
Herodes que os percebia,
Disse, fingindo alegre:
"Ide e vinde me informar...
Quero, também, adorar
Jesus, Filho de Maria!
Fizeram do seu tesouro,
O incenso, a mirra, o ouro,
Como oferta, consagraram.
Prostrados, O adoraram,
Cheios de gosto e alegria;
lam voltar no outro dia,
Como a glória de terem visto,
Rei Santo, Sagrado Cristo,
Jesus, Filho de Maria!
De assassinar a criança;
Da projetada vingança,
Os Magos tiveram aviso.
Uma voz do Paraíso,
Aos três em sonho, dizia :
"Regressai por outra via,
Que Herodes pra se vingar,
Tem pretensão de matar
Jesus, Filho de Maria!"
Por caminho diferente,
Herodes, ao ser ciente,
De raiva, ficou possesso!
E decretou, por excesso
De bruta selvageria,
A morte dura e sombria
Das crianças de Belém,
A fim de matar, também,
Jesus, Filho de Maria!
Que por decreto divino,
José, Maria e o menino
Fugissem para o Egito.
Que Herodes, rei maldito,
Matar Jesus, pretendia!
São José, em companhia
De sua fiel consorte,
Fugiu, livrando, da morte,
Jesus, Filho de Maria!
Nação mui celebrizada,
Teve a Família Sagrada
Seu refúgio hospitaleiro,
Junto ao Nilo prazenteiro,
Gigante dágua bravia,
Que goza a supremacia
Doutros rios africanos,
Onde viveu sete anos,
Jesus, Filho de Maria!
Maria e Jesus também,
Não para Jerusalém,
Onde Arquelau dominava!
Pois esse príncipe odiava
Tudo que, a Deus, pertencia,
E, por isso, poderia
Querer perseguir os três,
Ou mesmo matar, talvez,
Jesus, Filho de Maria!
Por ordem da Providência,
Fixaram residência
Numa casa, em Nazaré.
Viviam cheios de fé,
De paz, de amor, de harmonia;
A Luz da Sabedoria
Divina multiplicava.
Mais a mais, iluminava
Jesus, Filho de Maria.
Trabalhava a toda hora;
Lutava a Virgem Senhora,
No Seu serviço caseiro!
No tear o dia inteiro,
Belas túnica tecia;
Diariamente, se via,
Na tenda de Nazaré,
Ajudando a São José,
Jesus, Filho de Maria!
Certa vez, Jesus, no templo,
Do seu saber, deu exemplo,
Discutindo com os doutores
Calaram-se os demais senhores,
E o povo, abismado, ouvia.
Frases de sabedoria
Jorravam dos lábios dEle,
Doze anos tinha Aquele,
Jesus, Filho de Maria.
Cheio de dons soberanos,
Durante dezoito anos,
Concebeu ocultamente.
Tendo, ao lado, a Mãe Clemente,
Virgem da Sabedoria;
Humildemente, vivia
Trabalhando compassivo,
Junto a seu Pai Adotivo,
Jesus, Filho de Maria!
João Batista, no deserto,
Mostrava o caminho aberto
Do Santo e Divino Mestre!
Gafanhoto e mel silvestre,
Eis tudo o que João comia;
As verdades proferia,
Tornando-se o Precursor
Do Sagrado Redentor,
Jesus, Filho de Maria!
Com trinta anos de idade,
Foi, de cidade em cidade,
Pregar a nova Doutrina
Logo, a sofrer, se destina,
Cumprindo o que Deus queria;
Antes, porém, pretendia
Batizar-se no Jordão:
Foi batizado por João,
Jesus, Filho de Maria!
Quarenta dias, por certo,
Jesus foi lá no deserto,
Pelo demônio, tentado.
O anjo amaldiçoado,
Coisas terríveis, dizia...
Porém Cristo repelia
Seu tremendo despotismo,
Pois, nunca tombou no abismo,
Jesus, Filho de Maria!
Propagando a Santa Idéia
Da lei de Deus Verdadeiro
Fez o milagre primeiro,
Em Caná de Galiléia!
Na festividade hebréia,
Vinho não mais existia;
Devido à falta que havia,
Ao Filho a Virgem rogou,
Água em vinho transformou,
Jesus, Filho de Maria!
De aquém e de além Jordão,
Crescia a religião
De Cristo da Galiléia!
Traconites, Ituréia,
Betânia, Hebron, Samaria;
A Nazaré, sempre, ia,
Cafarnaum, Palestina,
Pregando a Nova Doutrina,
Jesus, Filho de Mari.
Sobre a barca de Simão,
Por peixe algum ter pescado!
Disse Cristo: "Deste lado. Faze,
Pedro, a pescaria";
Quase a rede se rompia,
Tanto peixe, ali, pescou;
Um novo milagre obrou,
Jesus, Filho de Maria!
"Peixe, tu não pesques mais,
Que, de hoje em diante, serás,
Só das almas, pescador."
Tiogo ouvia, com amor,
Tudo o que o Mestre dizia!
João, comovido, sentia
O mesmo que os dois sentiram...
Jesus, Filho de Maria!
Obrou Jesus com ternura,
Operando a grande cura
Dum triste e pobre leproso!
Outra vez, brando e piedoso,
Curava a paralisia
Dum pobre que Lhe pedia...
Cheio de fé e emoção,
E obismava a multidão,
Jesus, Filho de Maria!
Tais prodígios soberanos,
Murmuravam publicanos,
Escribas e fariseus:
"Será o Filho de Deus?
! É nada, um respondia"
E outro, acolá, dizia:
"Seu pai chama-se José!"
Por fim, afirmaram:
"É Jesus, Filho de Maria!"
Tiago e o bondoso João,
Judas, de Tiago, irmão,
Mateus e o grande Tomé.
Também dessa companhia;
Aonde o Mestre seguia,
Os doze juntos estavam,
Porque, sempre, acompanhavam
Jesus, Filho de Maria!
Filipe, Bartolomeu,
Tiago, filho de Alfeu,
Também Simão, Zelador.
Judas, infame e traidor,
Repleto de hipocrisia,
Era o único que não cría
Em Cristo, e antes zombava
Da doutrina que ensinava
Jesus, Filho de Maria!
lam, por vontade plena,
A formosa Madalena,
A piedosa Suzana,
A mulher de Chusa, Joana,
Salomé que, também, ia,
Fora o povo que surgia
De toda parte do mundo,
Pra ouvir o Juiz Profundo,
Jesus, Filho de Maria!
Mansos e humildes também,
Pagai o mal com o bem,
Amai vossos semelhantes.
Instruí os ignorantes;
Deixai o vício e a orgia;
Não useis hipocrisia."
Disse, em verdade tamanha,
Lá no Sermão da Montanha,
Jesus, Filho de Maria!
Feliz quem vive em pobreza,
Que esta vida é lisonjeira!
Jogo, dança, bebedeira,
Paixão, vaidade, riqueza,
Orgulho, pompa, grandeza,
Posto, brasão, fidalguia:
Tudo é mera fantasia,
Aqui no globo terrestre;
Assim disse o Grande Mestre,
Jesus, Filho de Maria!
Aonde o Messias passava,
Todos gozavam virtude!
Ganhava o enfermo a saúde,
O morto ressuscitava !
O louco se equilibrava,
Coxo andava e cego via,
O ignorante aprendía;
Falava quem era mudo,
Pois, socorria isso tudo,
Jesus, Filho de Maria
Chegando a Cafarnaum,
Curou o servo de um
Notável centurião!
Movido de compaixão,
Ressuscitou, certo dia,
O único filho que havia
Da viúva de Naim;
Só fez prodígios assim,
Jesus, Filho de Maria!
Que se chamava Simão,
Pedindo, a Jesus, perdão,
Madalena apareceu.
Tantas lágrimas verteu,
Que Jesus se comovia...
Charava e se maldizia.
Tristonha e cheia de amor.
Aos pés de Nosso Senhor,
Jesus, Filho de Maria!
Perdoou a penitente,
Enquanto, secretamente,
O censurava, Simão!
Cristo, a este, disse então:
"Esta que o pranto vertia,
Em grandes faltas, vivia,
Mas, depois, se arrependeu...
" Por isso, perdão lhe deu,
Jesus, Filho de Maria!
Padeceu fome inclemente,
Porque havia, somente,
Cinco pães e peixes dois!
Cristo, repartir, propôs,
Os cinco pães que trazia;
Juntando aos peixes que havia,
Depois da ração partida,
A cinco mil, deu comida,
Jesus, Filho de Maria
Viram, num monte,o Messias,
Junto a Moisés e Elias.
Numa transfiguração!
Com refulgente clarão,
Uma nuvem os envolvia;
Dos céus, uma voz dizia :
"Este é meu Filho querido,
A vossos pais, prometido,
Jesus, Filho de Maria!
Em Galiléia, passando;
Ali, esteve curando:
Cegos, enfermos piedosos.
São seus atos milagrosos
De indescritível "quantia";
Certa vez, de hidropisia,
Vivia um homem a sofrer,
Mas, curou-se só em ver
Jesus, Filho de Maria!
Num recanto mendigando,
Rogou, tristonho, chorando:
"Meu Jesus, de mim, tem dó.
" E o cego de Jericó
Viu, logo, o clarão do dia;
O Mestre, assim, procedia,
Pra que servisse de exemplo,
Pois, da bondade, era o Templo,
Jesus, Filho de Maria!
Em Jericó, fol notória,
Cobrindo-se, ali, de glória,
A fama do galileut
Uma pobre apareceu,
Que espírito mau possuía,
Era uma moça gentia,
Filha duma cananéία;
Curou-a na Galiléia,
Jesus, Filho de Maria!
Doutores do judaísmo,
Tinham ódio ao cristianismo,
Já bem crescente, há três anos!
E por temer sérios danos
Da nova lei que surgia,
Aquele povo fazia
Mil projetos de traição,
Contra o autor da salvação,
Jesus, Filho de Maria!
Que surgiu na raça humana,
Nutria, nalma profana,
Ódio injusto ao Redentor!
Já sabendo o delator Que,
A Cristo, Anás perseguia,
Achou que, agora, devia
Saciar os ódios seus,
Entregando aos fariseus,
Jesus, Filho de Maria!
Judas, raivoso e voraz,
Foi e disse aos maiorais,
Dentre os judeus sacerdotes:
"Sou Judas Iscariotes,
O servo que, em vós, confia...
Hoje, nesta moradia,
Vim, por meu desejo pleno,
Vender-vos o Nazareno,
Jesus, Filho de Maria!"
Por saber que desejais
Prender o impostor audaz,
Que se diz filho de Deus!
Pra isso, nobres judeus,
Exijo certa quantia..."
Anás que, assim, pretendia,
Combinou com os companheiros,
Comprou, por trinta dinheiros,
Jesus, Filho de Maria!
Da Páscoa, a celebração;
Jesus fez reunião
Dos apóstolos, em geral.
Na Grande Ceia Pascal,
Enquanto, o pão, repartia,
Aos opóstolos, dizia :
"Meu suplício, perto, está,
Que um de vós entregará
Jesus, Filho de Maria!"
Disse: "Comei e bebei
Bons apóstolos, fazei
Isto em memória de mim.
" Jesus, dessa forma assim,
Institui a Eucaristia,
E, o sacerdócio, confia
Aquele que a fé bafeja!
Bendita origem da Igreja,
Jesus, Filho de Maria!
"Mestre, dize-nos, Te rogamos:
Dentre nós que, aqui, estamos,
Quem foi que Te atraiçoou?"
São pedro disse: "Eu não sou
O traidor! Antes teria
Coragem de, em qualquer dia,
Morrer, sofrendo o suplício,
Pra não ver, no sacrifício,
Jesus, Filho de Maria!"
Nem Pedro; porém vos digo:
É aquele que, comigo,
No prato, botar a mão!"
Quando Cristo pega o pão,
Judas, pegando, já ia!
Mas, com maldita energia,
Correu a fim de trazer
Soldados, e, ali, prender
Jesus, Filho de Maria!
"És apóstolo constante,
Mas, antes que o galo cante,
Três vezes, me negarás!"
Dito assim, junto aos demais,
Pras Oliveiras, seguia,
Onde suou, com agonia,
Gotas de sangue no Horto,
Pois, breve, seria morto,
Jesus, Filho de Maria!
Jesus fazia oração,
Quando grande multidão
Surgiu, guiada por Judas!
Paus e espadas agudas,
A soldadesca trazia;
Judas, com um facho, alumia!...
Eis que o apóstolo maldito
Beija, na face, o Bendito
Jesus, Filho de Maria!
Mas Pedro, puxando a espada,
Baixou-lhe uma cutilada,
Dando-lhe um golpe tremendo!
O sangue, viu-se escorrendo
Duma orelha que caía;
Enquanto Malco gemia,
Pedro gritava: "Se renda;
Não vejo homem que prenda
Jesus, Filho de Maria!"
Ao apóstolo, sugere:
"Pedro, quem com ferro fere,
Com o ferro será ferido."
Pedro, ao ser repreendido,
Guarda a espada, sem porfia,
Cristo fez ficar sadia,
De Malco, a orelha de novo,
Depois, entregou-se ao povo,
Jesus, Filho de Maria!
Foi atado Jesus Cristo.
Levaram-NO. depois disto,
Pra residência de Anás.
Triste e pensativo, atrás,
Pedro, de longe, O seguia;
A turba que O conduzia,
Dava empurrões, blasfemava;
Sofrendo, não se queixava.
Jesus, Filho de Maria!
Dum pátio onde havia luz;
Se conhecia Jesus,
Muita gente perguntou.
Pedro, três vezes, negou
Que, a Jesus, não conhecia !
Nisso, ouviu, com nostalgia,
Dum galo, o canto magoado,
E chorou por ter negado
Jesus, Filho de Maria!
Pelo sacerdote Anás,
E, logo por Caifás,
Barbaramente, acusado !
Como justo, o advogado
Nicodemus defendia;
Perdão pra Cristo, pedia,
Sem que ninguém lhe atendesse,
Pois queriam que morresse
Jesus, Filho de Maria!
Judas, remorsos, padece,
Cristo chegando aparece,
Lhe oferecendo perdão!
Mas, Judas responde: "Não;
Pretendo a forca sombria....
Nem a morte me alivia...
Mas, quero pagar no inferno,
O mal que fiz ao Eterno,
Jesus, filho de Maria!"
Herodes, o rei profano;
Jesus, perante o tirano,
Calado, se conservava!
O que Herodes perguntava,
Cristo, nada, respondia.
Herodes, com tirania.
Mandou que fosse enrolado
Na túnica de alienado,
Jesus, Filho de Maria!
Foi Jesus intemogado!
Sendo, por fim, condenado
Padeceu duros maltratos!
Dentre os judeus insensatos.
Nenhum se compodacio
Um, nos seus lábios, caspio
Aquele dava nα cαrα
Outros açoitova, de vara,
Jesus, Filho de Maria!
Depois de muito açoitado,
Foi, de escórnio, coroado,
Com uma coroa de espinhos!
Cabelos, em desallinhos,
Pendentes na fronte fria,
Já muito sangue corria
Das chagas do corpo Seu.
Por nós, assim, podeceu
Jesus, Filho de Maria!
Dava-Lhe um murro na face,
Gritando que adivinhasse
Quem, no Seu rosto, bateu!
Depois, dando-Lhe, um judeu,
Uma cana que trazia,
Murmurava, em zombaria:
"Belo cetro! Façam idéia
Vai ser o rei da Judéia,
Jesus, Filho de Maria!"
Pelo povo sanguinário,
Foi conduzido ao Calvário
Para o martírio da cruz!
Nos Seus ombros seminus,
O madeiro, conduzia;
Com o peso da cruz, caía
Num supremo sacrifício,
Marchava, para o suplício,
Jesus, Filho de Maria!
Do Salvador Soberano,
Gravado ficou, no pano,
O Seu retrato composto !
Ela, então, guardou com gosto
A Santa Fotografia; Chorava e agradecia
Tão sacrossanta ventura,
De ter, consigo, em gravura,
Jesus, Filho de Maria!
Jesus, Com o pesado lenho
Seu, Eis que Simão Cireneu Ajudou-O, levando a cruz!
Para o Calvário, a conduz.
Jesus tombava e caía...
Enquanto o povo sorria,
Santas mulheres choravam,
Vendo como torturavam
Jesus, Filho de Maria!
Ao monte, tendo chegado,
Pelos soldados рagãos,
Cristo, ali, de pés e mãos,
Foi, no madeiro, cravado!
Depois de crucificado,
Fizeram mais zombaria.
Por volta do melo dia,
Sofrendo mil aflições,
Morreu entre dois ladrões,
Jesus, filho de Maria!
De Jesus Cristo, zombou,
Mas, Dimas o replicou,
Dizendo: "Ele é inocente.
Nós, porém, terrívelmente,
Cometemos tirania"
Já na última agonía,
Tu Salvador, disse assim:
Nos Céus lembra-Te de mim,
Jesus Filho de Maria"
Jesus, com meigo sorriso,
Disse-lhe: "Descanse em paz,
Que, ainda hoje, estarás
Comigo, no paraíso"
E Jestas, inda, indeciso,
De Jesus, escarnecia,
Enquanto, aos céus,subia
A alma do Bom Ladrão,
Por ter-lhe dado perdão,
Jesus, Filho de Maria
Logo que Cristo morreu,
As pedras se rebentaram,
Os mortos ressuscitaram,
Toda Terra estremeceu!
Do templo, o véu se rompeu;
De trevas, cobriu-se o dia!
Naquela hora sombria,
Tiveram medo os judeus,
Conheceram que era Deus,
Jesus, Filho de Maria!
Numa gruta, em Galiléia,
Por José de Arimatéia,
Foi Seu corpo embalsamado.
Na catacumba que havia;
Porém, no terceiro dia,
A catacumba se abriu,
Dentre os mortos, ressurgiu
Jesus, Filho de Maria!
Ter visto Cristo em presença,
Tomé disse: "Eu só dou crença,
Se, nEle, tocar com a mão!"
Eis que nessa ocasião,
Jesus Cristo aparecia;
Severamente, dizia:
"Toca nas chagas, Tomé,
Pra saberes que Este é
Jesus, Filho de Maria!"
"Em verdade, digo Eu,
Feliz quem não viu e creu,
Porque sem ver, teve fé!
Um assim, banhado é
De paz, de amor, de harmonia!
Mas ai de quem desconfia,
Terá recompensa triste;
Tu só creste, porque viste
Jesus, Filho de Maria!"
Cheio de Glória e de Luz,
Quarenta dias, Jesus,
Com os discípulos, passou.
A todos iluminou
Com a Luz da Sabedoria;
Na Betânia, com alegria,
Instruiu-os outro tanto,
Enchendo-os do Espírito Santo,
Jesus, Filho de Maria!
Com Seus divinos arcanjos,
Todo cercado de anjos,
Majestoso, reluzente,
Ali, compassadamente,
Nos ares, se suspendia;
Uma nuvem O envolvia
Belo, super cintilante!
Subiu, aos céus, triunfante,
Jesus, Filho de Maria!
Tudo que Pedro ligar!
E o que Pedro desatar,
No céu será desatado
Como papa consagrado,
Cheio de soberania,
Da Igreja a primazia,
Pedro, em Roma, edificou,
Pregando a lei que ensinou
Jesus, Filho de Maria!
Contrito e cheio de glória,
Por ter findo a minha História
Com tanta clarividência!
A calma, a paz, a prudência
São armas da Santa Igreja.
Por isso, rogo que seja
Dado, aos meus versos, perdão,
Sobre a rude inspiração
Desta lira sertaneja.